"Haverá luz no abismo profundo,
haverá esperança na imensidão da tragédia,
haverá luz na noite mais sombria,
haverá vida onde a vida só não basta?! (VM)
▼
domingo, 30 de junho de 2013
O tempo - Cecília Meireles
O tempo seca a beleza.
seca o amor, seca as palavras.
Deixa tudo solto, leve,
desunido para sempre
como as areias nas águas.
O tempo seca a saudade,
seca as lembranças e as lágrimas.
Deixa algum retrato, apenas,
vagando seco e vazio
como estas conchas das praias.
O tempo seca o desejo
e suas velhas batalhas.
Seca o frágil arabesco,
vestígio do musgo humano,
na densa turfa mortuária.
Esperarei pelo tempo
com suas conquistas áridas.
Esperarei que te seque,
não na terra, Amor-Perfeito,
num tempo depois das almas.
"... E de novo acredito que nada do que é importante se perde verdadeiramente.
Apenas nos iludimos, julgando ser donos das coisas, dos instantes e dos outros.
Comigo caminham todos os mortos que amei, todos os amigos que se afastaram, todos os dias felizes que se apagaram.
Não perdi nada, apenas a ilusão de que tudo podia ser meu para sempre."
Apenas nos iludimos, julgando ser donos das coisas, dos instantes e dos outros.
Comigo caminham todos os mortos que amei, todos os amigos que se afastaram, todos os dias felizes que se apagaram.
Não perdi nada, apenas a ilusão de que tudo podia ser meu para sempre."
Miguel Sousa Tavares
terça-feira, 25 de junho de 2013
Vidas e sonhos...
A vida segue sozinha o caminho da eternidade,
o sonho segue sozinho o caminho da ilusão.
A vida vive se sonhos e o sonho vive de vidas.
Se a minha vida se cruzar com o teu sonho, então
o teu sonho passará a ser a minha vida e a tua vida
será para sempre o meu sonho... (VM)
o sonho segue sozinho o caminho da ilusão.
A vida vive se sonhos e o sonho vive de vidas.
Se a minha vida se cruzar com o teu sonho, então
o teu sonho passará a ser a minha vida e a tua vida
será para sempre o meu sonho... (VM)
segunda-feira, 24 de junho de 2013
A Bailarina - Cecília Meireles
Esta menina
tão pequenina
quer ser bailarina.
—
Não conhece nem dó nem ré
mas sabe ficar na ponta do pé.
—
Não conhece nem mi nem fá
Mas inclina o corpo para cá e para lá.
—–
Não conhece nem lá nem si,
mas fecha os olhos e sorri.
—-
Roda, roda, roda, com os bracinhos no ar
e não fica tonta nem sai do lugar.
—-
Põe no cabelo uma estrela e um véu
e diz que caiu do céu.
—-
Esta menina
tão pequenina
quer ser bailarina.
—-
Mas depois esquece todas as danças,
e também quer dormir como as outras crianças.
tão pequenina
quer ser bailarina.
—
Não conhece nem dó nem ré
mas sabe ficar na ponta do pé.
—
Não conhece nem mi nem fá
Mas inclina o corpo para cá e para lá.
—–
Não conhece nem lá nem si,
mas fecha os olhos e sorri.
—-
Roda, roda, roda, com os bracinhos no ar
e não fica tonta nem sai do lugar.
—-
Põe no cabelo uma estrela e um véu
e diz que caiu do céu.
—-
Esta menina
tão pequenina
quer ser bailarina.
—-
Mas depois esquece todas as danças,
e também quer dormir como as outras crianças.
domingo, 23 de junho de 2013
A vida...
Oiço-te a chorar,
Lágrimas de saudade e de solidão.
Oiço-te a suplicar,
gritos de dor e de paixão.
A tua angústia é a minha angústia,
a tua revolta é a minha revolta.
No fim dessa tua caminhada estará a resposta,
cada passo em frente é uma lágrima a menos.
Cada cicatriz é uma marca do que viveste,
a vida é um caminho onde cada passo conta.(VM)
Lágrimas de saudade e de solidão.
Oiço-te a suplicar,
gritos de dor e de paixão.
A tua angústia é a minha angústia,
a tua revolta é a minha revolta.
No fim dessa tua caminhada estará a resposta,
cada passo em frente é uma lágrima a menos.
Cada cicatriz é uma marca do que viveste,
a vida é um caminho onde cada passo conta.(VM)
ORAÇÃO DO LIVRO
Amigo.
Atende-me para que eu te possa atender.
Não me dilaceres o corpo, nem me relegues ao canto escuro da prateleira morta.
Atende-me para que eu te possa atender.
Não me dilaceres o corpo, nem me relegues ao canto escuro da prateleira morta.
Trago-te o ensinamento de todas as épocas, na palavra da ciência, na mensagem da filosofia e na revelação da fé.
Em minha companhia, penetrarás, sem alarde, os santuários da arte e da cultura, da sublimação e do progresso.
Sou alma, pensamento, esperança e consolo.
Ampara-me e dar-te-ei o tesouro do Amor e da Sabedoria.
Auxilia-me e auxiliar-te-ei.
Sou alma, pensamento, esperança e consolo.
Ampara-me e dar-te-ei o tesouro do Amor e da Sabedoria.
Auxilia-me e auxiliar-te-ei.
Na claridade que me envolve, santificarás a experiência de cada dia, encontrarás horizontes novos e erguerás o próprio coração para a vida mais alta.
Auxilia-me a caminhar na direção do futuro e receberás comigo no porvir imenso, a Bênção da Divina Imortalidade em nossa destinação de Filhos da Luz.
Emmanuel
(in "Comandos do Amor", psicografia de Francisco Cândido Xavier)
Emmanuel
(in "Comandos do Amor", psicografia de Francisco Cândido Xavier)
quinta-feira, 20 de junho de 2013
Se eu pudesse...
Se eu pudesse mudava os dias,
fugia das noites e corria sem parar.
Se eu pudesse reescrevia esta historia,
página por página, linha por linha.
Se eu pudesse pintava o céu,
desenhava flores no horizonte,
Se eu pudesse dava mais brilho às estrelas,
recortava a lua e guardava-a na minha mão.
Se não posso ter o infinito vou viver o aqui e agora...(VM)
fugia das noites e corria sem parar.
Se eu pudesse reescrevia esta historia,
página por página, linha por linha.
Se eu pudesse pintava o céu,
desenhava flores no horizonte,
Se eu pudesse dava mais brilho às estrelas,
recortava a lua e guardava-a na minha mão.
Se não posso ter o infinito vou viver o aqui e agora...(VM)
quarta-feira, 19 de junho de 2013
Quero adormecer naquela nuvem
Quero adormecer naquela nuvem,
fechar os olhos e deixar-me ir.
Quero flutuar com ela pelo azul do céu,
fechar os olhos e deixar-me sorrir.
Quero viver num castelo encantado,
subir à torre mais alta e sonhar.
Quero viver aquele sonho tão esperado,
percorrer montes e vales sem parar.
Se a tua vida não é um conto de fadas
é porque ainda não aprendeste a sonhar.
Se a tua vida não é o que esperavas
é porque ainda não aprendeste a viver.(VM)
fechar os olhos e deixar-me ir.
Quero flutuar com ela pelo azul do céu,
fechar os olhos e deixar-me sorrir.
Quero viver num castelo encantado,
subir à torre mais alta e sonhar.
Quero viver aquele sonho tão esperado,
percorrer montes e vales sem parar.
Se a tua vida não é um conto de fadas
é porque ainda não aprendeste a sonhar.
Se a tua vida não é o que esperavas
é porque ainda não aprendeste a viver.(VM)
domingo, 16 de junho de 2013
Fernando Pessoa
Sim, sei bem
Que nunca serei alguém.
Sei de sobra
Que nunca terei uma obra.
Sei, enfim,
Que nunca saberei de mim.
Sim, mas agora,
Enquanto dura esta hora,
Este luar, estes ramos,
Esta paz em que estamos,
Deixem-me crer
O que nunca poderei ser.
Que nunca serei alguém.
Sei de sobra
Que nunca terei uma obra.
Sei, enfim,
Que nunca saberei de mim.
Sim, mas agora,
Enquanto dura esta hora,
Este luar, estes ramos,
Esta paz em que estamos,
Deixem-me crer
O que nunca poderei ser.
Hoje
Hoje sinto que não sei o que é sentir,
vivo mas não sei que vida é esta.
Hoje choro mas não reconheço estas lágrimas,
não reconheço o brilho deste meu sorriso.
Hoje caminho mas não sigo os meus passos,
grito mas não oiço a minha propria voz.
Hoje já nem os meus sonhos são os mesmos,
como um balão que flutua, flutua e se perde rumo ao infinito.(VM)
vivo mas não sei que vida é esta.
Hoje choro mas não reconheço estas lágrimas,
não reconheço o brilho deste meu sorriso.
Hoje caminho mas não sigo os meus passos,
grito mas não oiço a minha propria voz.
Hoje já nem os meus sonhos são os mesmos,
como um balão que flutua, flutua e se perde rumo ao infinito.(VM)
quinta-feira, 13 de junho de 2013
Todas as cartas de amor são ridículas
Todas as cartas de amor são
Ridículas.
Não seriam cartas de amor se não fossem
Ridículas.
Também escrevi em meu tempo cartas de amor,
Como as outras,
Ridículas.
As cartas de amor, se há amor,
Têm de ser
Ridículas.
Mas, afinal,
Só as criaturas que nunca escreveram
Cartas de amor
É que são
Ridículas.
Quem me dera no tempo em que escrevia
Sem dar por isso
Cartas de amor
Ridículas.
A verdade é que hoje
As minhas memórias
Dessas cartas de amor
É que são
Ridículas.
(Todas as palavras esdrúxulas,
Como os sentimentos esdrúxulos,
São naturalmente
Ridículas.)
Ridículas.
Não seriam cartas de amor se não fossem
Ridículas.
Também escrevi em meu tempo cartas de amor,
Como as outras,
Ridículas.
As cartas de amor, se há amor,
Têm de ser
Ridículas.
Mas, afinal,
Só as criaturas que nunca escreveram
Cartas de amor
É que são
Ridículas.
Quem me dera no tempo em que escrevia
Sem dar por isso
Cartas de amor
Ridículas.
A verdade é que hoje
As minhas memórias
Dessas cartas de amor
É que são
Ridículas.
(Todas as palavras esdrúxulas,
Como os sentimentos esdrúxulos,
São naturalmente
Ridículas.)
Às vezes quase vivo...
Estou quase sempre entre o branco e o preto,
quase sempre mais ou menos triste,
às vezes tenho o meu momento quase feliz.
Algumas vezes ainda, estou a um passo do arco íris.
Às vezes chego muito perto do limbo,
outras estou quase a tocar as estrelas.
Balanço sempre entre a quase tristeza e a quase felicidade,
se hoje quase fui feliz,
amanhã será a tristeza que vai chegar muito perto.
VM
quase sempre mais ou menos triste,
às vezes tenho o meu momento quase feliz.
Algumas vezes ainda, estou a um passo do arco íris.
Às vezes chego muito perto do limbo,
outras estou quase a tocar as estrelas.
Balanço sempre entre a quase tristeza e a quase felicidade,
se hoje quase fui feliz,
amanhã será a tristeza que vai chegar muito perto.
VM
terça-feira, 11 de junho de 2013
Tenho medos dos meus ecos...
Tenho medo dos meus ecos,
medo dos meus gritos de silêncio.
Tenho medo de deixar de me ouvir,
de não deixar que os outros me oiçam.
O que existe depois do medo?!
Aconchego, vazio, desilusão...
Se um dia lá longe, bem longe,
deixares de ouvir o que dizes a ti próprio,
Estás a deixar-te perder,
a deixar-te levar pela corrente.(VM)
medo dos meus gritos de silêncio.
Tenho medo de deixar de me ouvir,
de não deixar que os outros me oiçam.
O que existe depois do medo?!
Aconchego, vazio, desilusão...
Se um dia lá longe, bem longe,
deixares de ouvir o que dizes a ti próprio,
Estás a deixar-te perder,
a deixar-te levar pela corrente.(VM)
segunda-feira, 10 de junho de 2013
Biblioteca Casanatense - Roma
Fundada em 03 de novembro de 1701, pelos dominicanos do Mosteiro de Santa Maria Sopra Minerva, em Roma, o local é de tirar o fôlego pela beleza.
Possui acervo composto, por aproximandamente 400 000 volumes, cerca de 6 000 manuscritos e 2 200 incunábulos, bem como manuscritos medievais e bíblicos.
De acordo com a história, o espaço foi aberto ao público em geral, por vontade do Cardeal Girolamo Casanate que cedeu sua coleção particular dotada por cerca de 25.000 volumes. Tempos depois foi construído o espaço atual, especialmente para a biblioteca.
Possui acervo composto, por aproximandamente 400 000 volumes, cerca de 6 000 manuscritos e 2 200 incunábulos, bem como manuscritos medievais e bíblicos.
De acordo com a história, o espaço foi aberto ao público em geral, por vontade do Cardeal Girolamo Casanate que cedeu sua coleção particular dotada por cerca de 25.000 volumes. Tempos depois foi construído o espaço atual, especialmente para a biblioteca.
domingo, 9 de junho de 2013
A Espantosa Realidade das Coisas - Alberto Caeiro
A espantosa realidade das coisas
É a minha descoberta de todos os dias.
Cada coisa é o que é,
E é difícil explicar a alguém quanto isso me alegra,
E quanto isso me basta.
Basta existir para se ser completo.
Tenho escrito bastantes poemas.
Hei de escrever muitos mais, naturalmente.
Cada poema meu diz isto,
E todos os meus poemas são diferentes,
Porque cada cousa que há é uma maneira de dizer isto.
Às vezes ponho-me a olhar para uma pedra.
Não me ponho a pensar se ela sente.
Não me perco a chamar-lhe minha irmã.
Mas gosto dela por ela ser uma pedra,
Gosto dela porque ela não sente nada.
Gosto dela porque ela não tem parentesco nenhum comigo.
Outras vezes oiço passar o vento,
E acho que só para ouvir passar o vento vale a pena ter nascido.
Eu não sei o que é que os outros pensarão lendo isto;
Mas acho que isto deve estar bem porque o penso sem esforço,
Nem ideia de outras pessoas a ouvir-me pensar;
Porque o penso sem pensamentos
Porque o digo como as minhas palavras o dizem.
Uma vez chamaram-me poeta materialista,
E eu admirei-me, porque não julgava
Que se me pudesse chamar qualquer cousa.
Eu nem sequer sou poeta: vejo.
Se o que escrevo tem valor, não sou eu que o tenho:
O valor está ali, nos meus versos.
Tudo isso é absolutamente independente da minha vontade.
sábado, 8 de junho de 2013
sexta-feira, 7 de junho de 2013
Amar é trocar a alma de casa - Mário Quintana
Amar é mudar a alma de casa",
é ter no outro, nosso pensamento.
Amar é ter coração que abrasa,
amar, é ter na vida um acalento.
... Amar é ter alegria que extravasa,
amar é sentir-se no firmamento.
"Amar é mudar a alma de casa",
é ter no outro, nosso pensamento.
Amar, é aquilo que embasa,
é ter comprometimento.
Amar é, voar sem asa,
e porque amar é acolhimento,
"amar é mudar a alma de casa
é ter no outro, nosso pensamento.
Amar é ter coração que abrasa,
amar, é ter na vida um acalento.
... Amar é ter alegria que extravasa,
amar é sentir-se no firmamento.
"Amar é mudar a alma de casa",
é ter no outro, nosso pensamento.
Amar, é aquilo que embasa,
é ter comprometimento.
Amar é, voar sem asa,
e porque amar é acolhimento,
"amar é mudar a alma de casa
Carrossel da vida
Para se sentir o sentimento é preciso segui-lo,
percorrer com ele os caminhos da ilusão,
guia-lo rumo à eternidade.
Sentir o que nos vai cá dentro é uma experiência,
às vezes radical e perigosa,
às vezes monótona e insegura.
Para se sentir o sentimento é preciso vivê-lo,
saboreá-lo e testar os seus limites,
confiar nas suas intenções.
É impossível não sentir neste carrossel de emoções chamado vida... (VM)
percorrer com ele os caminhos da ilusão,
guia-lo rumo à eternidade.
Sentir o que nos vai cá dentro é uma experiência,
às vezes radical e perigosa,
às vezes monótona e insegura.
Para se sentir o sentimento é preciso vivê-lo,
saboreá-lo e testar os seus limites,
confiar nas suas intenções.
É impossível não sentir neste carrossel de emoções chamado vida... (VM)
quinta-feira, 6 de junho de 2013
Canção do Dia de Sempre - Mário Quintana
Tão bom viver dia a dia…
A vida assim, jamais cansa…
Viver tão só de momentos
Como estas nuvens no céu…
E só ganhar, toda a vida,
Inexperiência… esperança…
E a rosa louca dos ventos
Presa à copa do chapéu.
Nunca dês um nome a um rio:
Sempre é outro rio a passar.
Nada jamais continua,
Tudo vai recomeçar!
E sem nenhuma lembrança
Das outras vezes perdidas,
Atiro a rosa do sonho
Nas tuas mãos distraídas…
A vida assim, jamais cansa…
Viver tão só de momentos
Como estas nuvens no céu…
E só ganhar, toda a vida,
Inexperiência… esperança…
E a rosa louca dos ventos
Presa à copa do chapéu.
Nunca dês um nome a um rio:
Sempre é outro rio a passar.
Nada jamais continua,
Tudo vai recomeçar!
E sem nenhuma lembrança
Das outras vezes perdidas,
Atiro a rosa do sonho
Nas tuas mãos distraídas…
segunda-feira, 3 de junho de 2013
Às vezes acho que não me encontro
Ás vezes acho que não me encontro,
que não me pertenço,
que não estou onde estou,
que já não vivo de tanto querer viver.
Sinto que aqui ninguém me sente,
vejo que aqui ninguém me vê.
Sinto que estou ausente,
que fujo de um passado presente.
Sinto o que ninguém vê,
vejo o que ninguém sente.
Se pudesse parava de sentir,
se pudesse sentia sem parar. (VM)
que não me pertenço,
que não estou onde estou,
que já não vivo de tanto querer viver.
Sinto que aqui ninguém me sente,
vejo que aqui ninguém me vê.
Sinto que estou ausente,
que fujo de um passado presente.
Sinto o que ninguém vê,
vejo o que ninguém sente.
Se pudesse parava de sentir,
se pudesse sentia sem parar. (VM)
domingo, 2 de junho de 2013
CONQUISTA - Miguel Torga
Livre não sou, que nem a própria vida
... Mo consente.
Mas a minha aguerrida
Teimosia
É quebrar dia a dia
Um grilhão da corrente.
Livre não sou, mas quero a liberdade.
Trago-a dentro de mim como um destino.
E vão lá desdizer o sonho do menino
Que se afogou e flutua
Entre nenúfares de serenidade
Depois de ter a lua!
... Mo consente.
Mas a minha aguerrida
Teimosia
É quebrar dia a dia
Um grilhão da corrente.
Livre não sou, mas quero a liberdade.
Trago-a dentro de mim como um destino.
E vão lá desdizer o sonho do menino
Que se afogou e flutua
Entre nenúfares de serenidade
Depois de ter a lua!
sábado, 1 de junho de 2013
Amo-te - Elizabeth Barrett Browning
Amo-te quanto em largo, em alto e profundo,
minha alma alcança quando, transportada, sente,
alongando os olhos deste mundo,
os fins do ser, a graça entressonhada.
minha alma alcança quando, transportada, sente,
alongando os olhos deste mundo,
os fins do ser, a graça entressonhada.
Amo-te em cada
dia, hora e segundo.
À luz do Sol, na noite sossegada,
e é tão pura a paixão
de que me inundo
quanto o pudor dos que não pedem nada.
dia, hora e segundo.
À luz do Sol, na noite sossegada,
e é tão pura a paixão
de que me inundo
quanto o pudor dos que não pedem nada.
Amo-te com o doer
das velhas penas;
Com sorrisos,
com lágrimas de prece,
e a fé da minha infância, ingênua e forte
das velhas penas;
Com sorrisos,
com lágrimas de prece,
e a fé da minha infância, ingênua e forte
Amo-te até nas coisas
mais pequenas.
Por toda a vida.
E, assim Deus o quiser,
Ainda mais te amarei
depois da morte.
mais pequenas.
Por toda a vida.
E, assim Deus o quiser,
Ainda mais te amarei
depois da morte.
(Traduzido por Manuel Bandeira)
Ser Poeta - Florbela Espanca
Ser poeta é ser mais alto, é ser
maior
Do que os homens! Morder como quem beija!
É ser mendigo e dar como quem seja
Rei do Reino de Aquém e de Além Dor!
É ter de mil desejos o esplendor
E não saber sequer que se deseja!
É ter cá dentro um astro que flameja,
É ter garras e asas de condor!
É ter fome, é ter sede de Infinito!
Por elmo, as manhãs de oiro e de cetim...
É condensar o mundo num só grito!
E é amar-te, assim, perdidamente...
É seres alma, e sangue, e vida em mim
E dizê-lo cantando a toda a gente!
Do que os homens! Morder como quem beija!
É ser mendigo e dar como quem seja
Rei do Reino de Aquém e de Além Dor!
É ter de mil desejos o esplendor
E não saber sequer que se deseja!
É ter cá dentro um astro que flameja,
É ter garras e asas de condor!
É ter fome, é ter sede de Infinito!
Por elmo, as manhãs de oiro e de cetim...
É condensar o mundo num só grito!
E é amar-te, assim, perdidamente...
É seres alma, e sangue, e vida em mim
E dizê-lo cantando a toda a gente!